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Curta Partilha, Curta Opinião

21
Out19

Homeoterapia ou Homeomentira?

A moral daquilo que vou aqui relatar é a seguinte: existe e continuará sempre a existir uma ENORME vantagem de estar informado sobre as coisas. No entanto, só quem quer realmente ter acesso à informação e informar-se é que acabará no final de contas por ser informado (um bocado a lógica da batata, mas para este caso é preciso mesmo relembrar isto).

Apenas umas pequeninas palavras para todos aqueles que já foram a um homeopata e que levaram para casa uma receita de Oscillococcinum que pode oscilar entre os 10 e os 50 €uros, supostamente prescrita para "alívio de estados gripais e dos sintomas decorrentes tais como febre, dores de cabeça, arrepios, dores musculares e afins." A verdade é que este medicamento é somente feito de ÁGUA e AÇUCAR (saibam: provar o contrário desta afirmação é impossível). Infelizmente esta é uma tendência das chamadas coisas "alternativas" (porquê alternativas? Questiono-me). Acusam a indústria farmacêutica de querer lucrar com medicamentos que têm de passar por montes e vales de testes clínicos (para provar EFICÁCIA INEQUÍVOCA) e não acusam uma caixa com medicamentos de água e acuçar cujos valores podem ascender ao rídiculo e que só tem de provar que é INÓCUA para ser vendida. Não admira que não tenha efeitos secundários realmente e que seja "liberta de químicos" (uuuuuuuh, assustador). Afinal onde está a tal "indústria"? Sobre este caso em específico, questiono: trata-se da homeopatia ou de uma homeomentira que pode muito bem causar danos graves a pessoas que recorrem a este tipo de serviços? Tomemos atenção a uma citação retirada da entrevista ao médico Edzard Ernst (currículo invejável), que já fora inclusive praticante temporário de homeopatia:

"Imagine este cenário. Uma pessoa pode ir a um homeopata com sintomas de dores de cabeça, por exemplo. Um homeopata dá-lhe um remédio e, talvez por causa do efeito placebo, a pessoa fica melhor. Pode fazer isso durante seis meses e a pessoa pode ficar sempre melhor. Mas se ela acabar por visitar um médico ao fim desse tempo, pode perceber que tem um cancro na cabeça, por exemplo. E, de repente, aquele paciente perdeu seis meses de uma luta que devia começar a ser travada de imediato. Há muito casos assim - de terapeutas que sobrestimam aquilo que podem fazer e fazem um paciente perder um tempo valioso. Tempo que podia salvar a vida. São os riscos indiretos das terapias alternativas que, mesmo que não funcionem, também trazem consequências negativas".

Agora vem a parte em que retiramos um momento para refletir sobre isto.

Fica também o link da entrevista: 

1. https://observador.pt/2019/10/20/de-defensor-a-critico-das-terapias-alternativas-ha-terapeutas-que-fazem-o-doente-perder-tempo-valioso/

2. https://www.publico.pt/2019/10/17/ciencia/entrevista/edzard-ernst-medicina-alternativa-ameaca-tratamentos-funcionam-bem-trocaos-perigosos-1890265

Ilustração de como o Oscillococcinum é feito:

diliuicao-homeopatica.jpg